O filme é uma adaptação do livro Quando Nietzsche Chorou, cujo autor é Irvin D. Yalon. A história do filme se passa em Viena durante o século XIX, onde ocorre o encontro ficcional entre Breuer e Nietzsche. O filme fala sobre a cura através da fala, deixando evidente o viéis psicanalítico. A princípio Lou Salomé se aproximou de Nietzsche, pelo fato de ter se apaixonado por ele intelectualmente. Friedrich Nietzche é um filósofo brilhante e está em crise, pois seu pedido de casamento à sedutora escritora russa Lou Salomé foi negado, além também de ter rompido ligações com o seu melhor amigo. Dessa forma, ele para de ter contato com Lou Salomé e passa a sofrer de fortes dores de cabeça e outros problemas de saúde. Por sua vez, Salomé procura Breuer com o intuito dele ajudar Nietzsche a tratar seu desespero e parar de lhe enviar cartas cheias de angústias e tristezas, onde ele deixa claro sua forte propensão ao suicídio. Breuer é um médico renomado e que está com crise em seu casamento. Quando Breuer conversa com Lou Salomé, ele fica seduzido pelo seu gênio forte e manipulador, o que o faz a buscar auxílio do seu amigo Freud para lidar com o seu desejo obsessivo por Lou Salomé. Nietzche deixa ser examinado por Breuer e fica evidente que suas dores físicas são psicossomáticas. O livro Zaratrusta de Nietzsche define sua vida e sua solidão diante da incompreeensão das pessoas à respeito de suas idéias. Seguindo as instruções de Freud, Breuer propõe ao filósofo uma troca, onde trataria as suas dores de cabeça e Nietzsche o ajudaria a se curar do seus desespero por meio da filosofia. Nietzsche começa a questionar Breuer, levando o médico a trazer à consciência os seus medos e desejos. Nietzsche pede a Breuer que se deite e explica que esta posição ativaria mais suas recordações. Ele pede para Breuer falar tudo o que lhe vem a cabeça, o que pode ser interpretado como a associação livre de idéias. Em um determinado momento, Breuer é hipnotizado por Freud e vive a possibilidade de deixar sua familia. Ao voltar da hipnose ele está curado da paixão por ela e da difícil relação com a esposa. Nietzsche também comenta sobre o seu relacionamento por Lou Salomé e da sua solidão. O filósofo se despede de Breuer depois de ter percebido que os dois obtiveram uma "cura" por meio da fala. Ao meu ver este é um filme em que o telespectador é levado a se projetar no pensamento filosófico moderno e a se questionar sobre sua realidade. É impossível assistir e não se apaixonar. Assistam este filme, eu recomendo. É um filme interessante para todos aqueles que buscam entender um pouco mais sobre a psicologia, filosofia e etc. Então, bom filme a todos e até próxima!
Resumo do filme: O filme ¨Um Método Perigoso¨ trata de relações de afeto entre Jung, Freud e a paciente Sabina Spielrein. Este filme também mostra os primórdios da história da Psicanálise e da Psicologia Analítica. O filme começa com a internação de Sabina, onde Jung será o médico responsável pelo seu tratamento. No decorrer da estória, Jung e Sabina possuem uma identificação intelectual e se apaixonam. Mas este relacionamento não evolui em razão da postura profissional que Jung deve manter. Neste mesmo período, Freud decide romper contato com Jung, devido ao fato de terem divergências de idéias. Apesar de decepcionado, Jung cria seu próprio método de trabalho que é a Psicologia Analítica.
Análise psicológica do filme: No começo do filme, nota-se que Jung faz uso do método de análise freudiana. Ele análisava a paciente Sabina Spielrien, que com o passar do tempo se tornou a primeira psicanalista mulher da história. Sabina foi internada com o diagnóstico de "histeria". Durante as suas sessões de psicoterapia, Jung foi percebendo que a causa da sua histeria estava associada com a relação que ela tinha estabelecido com o seu pai no decorrer da sua infância. Pode-se perceber também, a implicação da segunda tópica freudiana que é a existência do Id, Ego e Superego, tendo em vista que a paciente reprime (mecanismo de defesa) aquilo que o inconsciente quer trazer à tona: seus instintos sexuais. Id - é uma força da psiquê humana, onde impera o princípio do prazer. Ego- está vinculado ao princípio da realidade, ele intermedia a relação entre o Id e o superego. Ora atendendo e cedendo ao Id, ora atendendo e cedendo ao Superego. Superego- força moral, reguladora do ego, que o impede de viver sob o princípio do prazer (Id) e do superego. Para Freud as fases do desenvolvimento sexual do ser humano são: fase oral, fase anal, fase fálica, fase de latência e fase genital. Ao passar por todas essas fases, o indivíduo vai construir o seu aparelho psíquico. Já Jung parece não concordar 100% com esta premissa da visão de Freud sobre as fases do desenvolvimento sexual humano e começa a propor outras formas de compreender a natureza psíquica. Por sua vez, Freud desconsidera as idéias do âmbito metafísico de Jung. Dessa forma, Freud e Jung rompem relações por divergências de idéias, principalmente o que diz respeito à centralidade da sexualidade na vida do indivíduo. Freud continuou com a Psicanálise e Jung desenvolveu seu próprio método de trabalho, a Psicologia Analítica. Acredito que seja importante ressaltar que Jung se tornou um dos maiores psiquiatras do mundo, pois ele trouxe idéias que revolucionaram a civilização ocidental, toda a psicologia e a ciência. A transferência é o deslocamento do sentido atribuído a pessoas do passado para pessoas do nosso presente. Essa transferência é excutada pelo nosso inconsciente. Segundo Freud, a transferência é fundamental para que ocorra o vínculo terapêutico. Para a teoria freudiana, a transferência é um fenômeno que ocorre na relação entre paciente e terapeuta, ou seja, a repetição dos modelos infantis, tais como: figuras parentais ou seus substitutos serão transportados para o analista. Transferencialmente o analista irá receber do paciente seus sentimentos, emoções, desejos que estão ligados com as impressões dos primeiros vínculos afetivos para serem vivenciados no momento presente. Portanto, cabe ao terapeuta saber manusiar a transferência. Para Freud, esta transferência também ocorre entre professor e aluno. Também acho importante enunciar a relação transferencial entre Jung e Sabina, pois esta o idealizava e transfere muitos de seus desejos e idealizações para ele. Outro ponto importante a ser observado no filme, é o começo da construção da postura ética na relação entre médico e paciente com o intuito de preservar o ¨setting¨ terapêutico. A meu ver, este é um filme muito interessante para assistir e o recomedo a todos os psicólogos, psiquiatras, terapeutas e pessoas interessadas em conhecer mais sobre a psicologia. Então, eu desejo um bom filme a todos! Abraços carinhosos!!! Olá a todos!!! Recentemente eu assisti o filme "Don Juan" e gostaria de compartilhar com vocês as reflexões que fiz sobre este filme. Antes de expor as minhas observações gostaria, de apresentar uma pequena sinopse do filme para aqueles que ainda não assistiram. Resumo do filme O filme conta a estória de um jovem rapaz de 21 anos que se apresenta como "Don Juan de Marco". Durante todo o filme, ele usa uma máscara, se veste como um cavalheiro e mostra ser um conquistador de mulheres. Ele diz que já dormiu com mais de 1500 mulheres mas tenta suidídio porque sofreu uma desilusão amorosa. Dessa forma, ele é encaminhado para um hospital psiquiatrico. O seu psiquiatra pede para tratá-lo sem medicamento mesmo a contragosto da equipe médica e do diretor do hospital. Ao longo das sessões de psicoterapias, Don Juan expõe sua tão envolvente estória de vida, o que faz com o que o seu psiquiatra reflita e reformule o seu relacionamento amoroso e pessoal. Daí pra frente, acho que é interessante assistir o filme inteiro. Eu adorei e recomendo. Análise psicólogica do filme O arquétipo do Don Juan: Para quem não sabe, Don Juan é um personagem literário que apareceu pela primeira vez em 1630 com a obra de El Burlador de Sevilla, escrita pelo dramaturgo espanhol El Burlador de Servilla. Foi no romance de José Zorrilla que Don Juan ganhou mais charme e ficou conhecido pelo público, tornando-se assim o símbolo da libertinagem. Para Jung, qualquer forma de arte (pintura, mitos, livros etc) são veículos para a expressão do insconsciente coletivo. Dessa forma, podemos considerar o "Don Juan" como uma necessidade da humanidade em expressar e elaborar uma problemática essencialmente humana. Este filme, conseguiu reatualizar e adaptar o "Don Juan" às circunstâncias atuais. Em diversos momentos do filme, aparecem o apelo ao arquétipo ao "Don Juan", tais como: quando o psiquiatra visita a casa do seu paciente e encontra duas versões da saga do livro "Don Juan, El Burlador de Servilha" e também quando o terapeuta escuta a ópera "Don Giovanni" de Mozart. O tipo Don Juan faz referência ao arquétipo do grande sedutor que é geralmente representada por pessoas que possuem uma personalidade bastante narcisista, dotadas de uma forte compulsão à sedução, inescrupulosa e que faz tudo para conquistar. O indivíduo que tem uma personalidade "donjuanista" tem a necessidade de seduzir o tempo inteiro e quando, por exemplo, conquista uma pessoa "aparentemente dificil", ele a abandona por desinteresse. As pessoas com estes traços de personalidades estão constantemente trocando de parceiros, pois tem a necessidade fazer novas conquistas. Os "Don Juans" fazem de tudo para conquistar e muitas vezes não levam em conta os sentimentos dos outros à sua volta, demonstrando menosprezo aos sentimentos alheios. O complexo de Don Juan pode estar dentro dos critérios caracteristicos de personalidades antisocial ou sociopata, pois para eles o mais importante é obter prazer com as suas conquistas. Os pesquisadores da área acreditam que os "Dons Juans" possuem problemas no processo de elaboração do complexo de Édipo, em razão de ficarem muito fixados na figura materna e não conseguirem constituir uma família. Jung talvez diria que o personagem "Don Juan" estaria ligado ao arquétipo de "puer aeternus" (a eterna criança). O homem identificado com o arquétipo do "puer aeternus" tem uma incapacidade de integrar o princípio do pai. É a figura do pai que nos ajuda a desenvolver a nossa consciência, vitalizar o nosso ego com conteúdos estruturantes, nos coloca limites e nos diz o que é pertinente à ética da sociedade. Talvez por isso, que ele tenha compulsão sexual não controlada. Acredito que os "Don Juans" possuam uma baixa auto estima e um sentimento forte de vazio. Por isso, talvez eles tentam conquistar várias mulheres como uma forma de "massagear o ego" e preencher este vazio de si mesmo com os triunfos das suas conquistas. Relação paciente e terapeuta: Ao meu ver o filme faz apelo à dialética entre a criança Don Juan e o pai terapeuta. Para Jung, a realidade psíquica é tão real quanto a realidade do mundo concreto, e não menos importante que esta última. A realidade da alma de John é ser Don Juan. As imagens simbólicas estruturadas pelo paciente têm uma função organizadora sobre o seu psiquismo e não desorganizadora como a grande parte da equipe médica do filme pensava. O paciente está identificado com o arquétipo de Don Juan mas não é a medicação anti-psicótica que o ajuda mas sim, a relação de transferência e contratransferência que o auxilia a realizar suas transformações. Jung destaca a seguinte idéia: psicoterapeuta e o paciente são como duas substâncias químicas que interagem multualmente e os dois sofrem transformações psíquicas neste encontro. Arquétipo da prostituta e da santa ( a mãe de "Don Juan"): O paciente possui uma éstória de vida sofrida, pois perdeu seu pai de forma trágica e durante a sua adolescência descobriu que a sua mãe possui vários relacionamentos extra conjugais. Tanto a mãe e o próprio paciente demonstravam um sentimento intenso de remorso pela morte do pai. A mãe estava tão identificada com o arquétipo da prostituta, interna-se em um convento (vai para a outra extremidade que é o arquétipo da "freira" ou da mulher "santa") como uma forma de se redimir de seus pecados, ou seja, a sua culpa. Dentro do arquétipo da prostituta existem as duas polaridades. Um polaridade é da prostituta sagrada que é a representação da mulher que lida bem com os seus conteúdos sexuais e reconhece o lado espiritual do seu erotismo. A outra polaridade é da prostituta profana que são mulheres que lidam com os seus aspectos sexuais de forma negativa. O arquétipo da santa é uma representação das mulheres presas na imagem de pureza e muitas vezes acabam reprimindo questões ligadas a sexualidade. A simbologia da máscara: "Persona é a máscara usada pelo indivíduo em respostas às convenções e tradições sociais" Carl Gustav Jung Máscara é uma palavra que vem do teatro grego onde cada ator tinha que utilizar uma máscara para construir seu personagem. A palavra persona surgiu da palavra personagem. Jung, muito perspicaz, percebeu que nós agimos de formas diferentes em cada grupo social, pois temos a necessidade de sermos aceitos e de pertencer ao grupo. Então, ele definiu persona como se fosse este papel que representamos e interpretamos para sermos vistos pelos outros. As máscaras sociais são necessárias, mas não podemos nos deixar sufocar por elas. O Don Juan do filme passou a usar um vestuário do tipo espanhol com uma máscara e a falar com um sotaque espanhol a partir dos seus 16 anos quando se afastou da mãe. No desenrolar do filme, a máscara aparece em outros momentos, como em revistas pornográficas do paciente. A mulher mascarada da revista pornográfica simboliza o inconsciente do Don Juan, seria o que Jung denominaria figura de anima. Quando o paciente usa máscaras ele está se identificando com a sua anima. No momento também em que ele encontra a mulher desejada, mas esta foge quando ele é sincero e conta todas as suas conquistas amorosas. Assim, Don Juan faz a promessa para si mesmo de nunca tirar a máscara com o receio da perda do objeto amado. Acredito que esta máscara é o simbolo do seu objeto de desejo perdido. Esta máscara também dá uma conotação de sexualidade, de perversão e fetichismo. Considero muito símbolica a parte do filme em que sua mãe decide se tornar freira e Don Juan é enviado por sua mãe à Cadiz, onde ele se torna um escravo sexual da rainha. Estas vivências representam uma profusão de figuras femininas no inconsciente que acabam invadindo a sua consciência e que o levou a se identificar com o objeto de perversão. Depois Don Juan é obrigado a partir sob ameaça de morte do sultão. Então, ele veste novamente a máscara. Don Juan e os seus mecanismos de defesa: No filme o Don Juan faz uso de diversos mecanismos de defesa. Mas o que são mecanismos de defesa? Os mecanismos de defesa são formas que a mente busca para se proteger. Segundo Freud, a defesa é a operação pela qual o ego exclui da consciência os conteúdos indesejáveis, protegendo, dessa forma, o aparelho psíquico. E quais são os principais mecanismos de defesas? Existem muitos, mas os principais a considerar são: a repressão, negação, racionalização, formação reativa, isolamento, identificação, projeção e regressão. John Albert de Marco identificou-se com o personagem Don Juan com o intuito de evitar assim reconhecimento de suas próprias inadequações e, através da fantasia esquecimento de fatos traumáticos da sua vida, como por exemplo, o adúlterio da mãe. O "Don Juan" faz uso de vários mecanismos de defesa para proteger o seu ego da sua dura realidade. O mecanismo de defesa mais utilizado por ele é a negação, pois a sua realidade lhe provoca muita angústia, o que o faz negá-la. Outro mecanismo defesa utilizado por ele é o isolamento, ou seja, isola pensamentos desagradáveis fazendo com que eles fiquem esquecidos, com pouco acesso à consciência, evitando assim fortes emoções. Então, ele isolava os pensamentos que lhe remetiam lembranças desagradáveis ao inconsciente, afastando assim, fortes emoções como por exemplo, a morte do pai e o adultério da mãe. Ele ficou muito marcado com essa questão da sexualidade. Eu me perguntei durante todo filme sobre a hipótese dele ter sofrido algum tipo de abuso sexual, pois no filme o próprio Don Juan narra que suas brincadeiras eram diferentes das outras crianças e este desejo intenso pelo sexo oposto começou desde muito cedo. As crianças que são abusadas sexualmente deixam transparecer de forma insconsciente a questão do abuso através de suas brincadeiras. Também é muito estranho para mim, a mãe tornar-se freira como uma forma de amenizar o seu sentimento de culpa. Me perguntei será que ela tem culpa somente pela morte do seu marido? O Don Juan também tem um grande sentimento de culpa em relação a morte do pai. As crianças que sofrem abuso sexual também carregam um forte sentimento de culpa. Duas vezes duas figuras masculinas tentaram matá-lo (o sultão e o marido da professora) quando descobriram que suas esposas os estavam traindo com Don Juan. Será que esta parte do filme não deixa nas entrelinhas ou transmite de forma figurada a questão que a mãe do Don Juan abusava sexualmente dele? O abuso sexual acontece sempre de forma bastante velada e bastante escondida como se fosse um segredo entre a vítima e o agressor. Os agressores geralmente são pessoas muito próximas à vítima. Estas duas figuras masculinas, o sultão e o marido da professora, para mim, talvez de uma forma figurada, podem representar o pai descobrindo a questão do abuso, descobrindo o segredo velado e desestabilizando a situação. Não sei só é uma hipótese que eu levanto. Enfim, acho que este filme é riquissímo e nós podemos estender o assunto infinitamente falando sobre o vínculo estabelecido entre o paciente e o terapeuta, entrevista psicológica, contratransferência etc. Vale a pena assistir. Espero que vocês tenham gostado do meu artigo e até a próxima! |
FilmesDentro da psicológia, o estudo da percepção é muito importante, pois o comportamento das pessoas é baseado na interpretação que elas fazem da realidade e não na realidade em si. Por esta razão, a percepção do mundo é diferente para cada um de nós, pois cada pessoa vai perceber uma situação ou uma determinada coisa de acordo com as suas próprias experiências pessoais. Então, a meu ver a análise de filmes é um bom exercício para desenvolver percepção clinica e ampliar a nossa visão de mundo. Archives
August 2014
Categories |