Grande parte das sensações que temos em nosso corpo vem das nossas atividades mentais. A maioria de nós recebeu um educação repressora que nos incutiu muitas idéias que não estão de acordo com os verdadeiros anseios da nossa alma. Dessa forma, temos enraizado dentro de nós idéias como "- eu deveria fazer isto e aquilo ou eu tenho que fazer .... ". Mas a maioria dessas obrigações não tem nada haver com as nossas reais vontades. Muitos desses "deverias", nós interiorizamos muitas vezes para atender as necessidades alheias e não as nossas porque aprendemos que os outros estão em primeiro lugar e nós em último, lá no final da fila, bem no finzinho. A culpa é um sentimento que nos oprime e traz também uma sensação de cobrança de que deveriamos fazer algo. Ela tem esta estrutura de cobrar e de que temos que alcançar um ideal de perfeição que nunca vamos conseguir atender. O ideal é apenas uma idéia, não existe em si. O ideal não leva em conta os limites e a história de cada um, pois impõe um dever que muitas vezes não temos condições de atender. A culpa traz dor e desconforto. Significa que estamos agindo inadequadamente, dando uma farta atenção às cobranças infundadas que são feitas nas nossas vidas. “Você tem que ser assim, você tem que fazer assado”, nos dizem. A culpa é um sentimento aprendido na família, na escola e em outro meios sociais. Ensinaram-nos , pelo sistema de punição e recompensa, que devemos receber elogios quando acertamos e nos sentir culpados e castigados quando erramos. Fomos educados de maneira que, ao proceder de maneira inadequada, além de ser castigado, deveriamos carrregar culpa. A sociedade nos educa para sermos oprimidos e submissos e não para sermos nós mesmos. Dessa forma, engolimos nossa curiosidade, nossa necessidade de investigação, sentimo-nos mal por termos provocado no outro tamanho estupor com a vontade que tínhamos de saber. A sociedade também nos obriga a sermos bonzinhos e sofremos com esta imposição que inibe aquilo que realmente temos de bom para oferecer socialmente. Ela existe para nos dominar e atender as necessidades alheias. Se observarmos melhor a culpa, vamos notar que ela é aprendida. Nossos pais e professores aprenderam que para educar tem que repreender e para isto acaba incutindo a culpa. Mas a culpa não resolve nada e se olharmos na prática, percebemos que ela não ensina a fazer melhor, não regasta o nosso melhor e nem nos motiva para aprender. Esse mecanismo é interiorizado por nós e passamos a usá-lo sem a necessidade da presença do outro para nos coibir ou acusar. É como se tivéssemos um juiz dentro de nós. Do mesmo modo que aprendemos a ter culpa, podemos aprender a viver sem ela. Culpa, ou não, é uma escolha, isto é, podemos optar por tê-la ou não. Então é reconhecer o que você pode fazer. O que não fez é porque ainda não podia fazer diferente. Não tinha maturidade e não tinha consciência das consequências. "Não adianta chorar o leite derramado". Derramou porque não ficamos olhando. Só! Somos somente aquilo que podemos ser. Temos que reconhecer que todos tem limitações e que estamos sempre aprendendo. E neste processo vão ocorrer erros e acertos. Não temos que ser perfeitos e nem alcançar ideal de ninguém. O que podemos fazer é somente ser aquilo o que realmente dá para sermos.
Abraço
Abraço